“Abuso institucional”
A digitalização em marcha forçada do acesso aos serviços públicos se aplica agora a procedimentos tão indispensáveis quanto um pedido de certidão de casamento, o pagamento de um imposto e a obtenção de uma autorização de residência. Ora, a obrigação de recorrer à internet nessas áreas e em muitas outras ligadas à vida cotidiana (viagens, reservas, manutenção de contas) reclama um esforço especial daqueles que são menos capazes de fazê-lo, por falta do equipamento necessário, do conhecimento de informática ou da assistência dos conhecidos. Para eles, a “nação start-up” de Emmanuel Macron lembra uma pena de exílio em seu próprio país. Já nas primeiras palavras do relatório que consagrou ao papel crescente dos meios digitais nas relações entre a administração e os usuários, a defensora dos direitos Claire Hédon denuncia: “Aos escritórios de nossos delegados regionais chegam pessoas atribuladas, por vezes desesperadas, que confessam seu alívio por poder, enfim, conversar…