Andersen, o som da infância
Nascido na Dinamarca em 1805, na miséria, o escritor e poeta Hans Christian Andersen desenvolveu logo cedo uma paixão pelo teatro e pela literatura. Essa relação íntima na infância, que se expressa em seus célebres contos de fadas, como O patinho feio e A princesa e a ervilha, é a chave para entender sua extraordinária posteridade?
Por volta do ano 1000, Haroldo I, conhecido como Haroldo do Dente Azul, fundou o Reino da Dinamarca, converteu sua terra viking ao cristianismo, estabeleceu um protetorado sobre a Noruega e aliou-se aos suecos. Desapareceu, assim, o culto oficial do maravilhoso panteão nórdico. Yggdrasil, a árvore do mundo; Landvættir, os espíritos da terra; Bifrost, o arco-íris-ponte dos deuses; e o culto de elfos, ondinas, lobos, cisnes... No entanto, esse paganismo antigo, terreno fértil do folclore popular e das sagas mágicas (e, em parte, de O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien), alimentou durante muito tempo a paixão escandinava por contos e narrativas. Famosíssimo, universal, Hans Christian Andersen criou uma nova mitologia, um mundo surreal onde os soldadinhos de chumbo viajam em peixes, flores vão ao baile, bules de chá se desvanecem, burocratas escrevem poemas, agulhas são orgulhosas e pinheiros são ambiciosos. Como ele. Um mundo atroz onde se…