Aos olhos do mundo
Não há algo de hipócrita em nossa surpresa? Uma crise institucional, o Reunião Nacional como o principal partido da França, um “grande jogo” político: a conjuntura das últimas semanas se inscreve em uma história de pelo menos quarenta anos. A falta de compromisso das classes dirigentes, sua arrogância cultural, seu desprezo social e seu segregacionismo espacial prepararam o terreno para a extrema direita (pág. 2). Atualmente, a xenofobia e o antifeminismo do Reunião Nacional não repelem mais certas parcelas das elites (pág. 18). À frente de um Estado do qual as classes populares desconfiam (pág. 16), um presidente enfraquecido tenta improvisar. Porém, como mostra seu balanço diplomático, esse método tem limites (ver abaixo)
O anúncio da dissolução da Assembleia Nacional da França em 9 de junho reforçou a impressão de que o país tem um chefe de Estado com decisões impulsivas, erráticas e frequentemente desastrosas. Em termos de política externa, as manias do presidente da República geram, entre adversários e aliados, dúvidas sobre a seriedade e a estabilidade da diplomacia francesa.1 Isso porque Emmanuel Macron voou para todas as regiões do mundo para dar lições ou propor planos capengas. Com quase nenhum sucesso. África? Um “não assunto” “O kwassa-kwassa pesca pouco, ele traz comorenses.” Em 1º de junho de 2017, as embarcações de imigrantes para Mayotte inspiraram a tirada infeliz de Macron. O escândalo não o impediu de reincidir seis meses depois, durante uma conferência na Universidade de Uagadugu, ao lado de Roch Marc Christian Kaboré. Enquanto o presidente burquinense teve de se ausentar, o francês divertiu a audiência. “Ele foi consertar…