As classes dominantes e o governo Bolsonaro
Acima dos interesses particulares das distintas frações do capital e da burguesia, deve-se reconhecer a existência de um amplo consenso entre todas elas, qual seja: a defesa e a execução das reformas e políticas econômico-sociais neoliberais, com a destruição dos direitos sociais e trabalhistas conquistados desde os anos 1930 e ampliados na Constituinte de 1988
A natureza e a resiliência do governo Bolsonaro, bem como sua relação com as distintas frações da burguesia e outros segmentos sociais do “andar de baixo”, foram tratadas por mim em inúmeros artigos escritos entre 2018 e 2020.1 Resgatando as principais ideias e teses neles contidas, podemos resumi-las da seguinte forma: 1) Bolsonaro é expressão de um fenômeno novo, que deu seus primeiros sinais nas manifestações e protestos de 2013 e que, rapidamente, se configurou como um movimento neofascista – com forte atuação no processo golpista de 2016 e na eleição de 2018. A caracterização desse fenômeno como neofascismo, pertencente à mesma família do fascismo histórico, e não como “populismo de direita” ou antidemocrático, não é simplesmente uma questão de denominação formal ou “preciosismo acadêmico”; esse reconhecimento é absolutamente relevante para o modo de travar a luta política contra Bolsonaro, seu governo e o movimento que o apoia. 2) Sua…