As pequenas coisas que decidem eleições
Faltou pouco para o candidato apoiado pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, vencer as eleições presidenciais já no primeiro turno. Contudo, o fato é que a direita ganha terreno na América Latina, inclusive contando com as engrenagens democráticas que ela havia trabalhado para desacreditar. Conheça um dos arquitetos dessa renovação estratégica
A direita latino-americana opera seu retorno ao comando. Em alguns casos, à força, por meio de um golpe jurídico-institucional e midiático, como no Brasil,1 ou pela estratégia de tensão social, como na Venezuela. Mas nem sempre é dessa forma. Após dez anos de hegemonia da esquerda, a Argentina, por exemplo, elegeu o empresário Mauricio Macri para presidente. Como explicar essa virada? Primeiro, pela crise econômica e sua gestão. A queda mundial da demanda por matérias-primas privou de combustível o motor das políticas redistributivas. Retorno do desemprego, da inflação, pobreza, recrudescimento das desigualdades: após um período de progressos consideráveis, o cenário tornou-se sombrio, e os governos optaram por reorganizar suas políticas econômicas e sociais. A virada explica-se também pela recuperação do ressentimento da opinião pública perante os escândalos recorrentes de corrupção em um período econômico difícil. A direita se contentará em colher o fruto maduro do descrédito de seus adversários para…