As vozes dissonantes dos repórteres anticolonialistas
Legitimamente associada à jornada de 40 horas semanas e às férias remuneradas, a Frente Popular tem um currículo bem mais modesto na questão colonial. Quando estavam no Magreb, jornalistas próximos do Partido Comunista ou de organizações socialistas sabiam que suas reportagens não conteriam alegria nem conquistas sociais, especialmente nos períodos de fome
“Palmeirais, miragens do Sul, o morno calor dos oásis, mares mais azuis do que o céu, mesquitas e medinas, cidades doces e silenciosas sujeitas às fatalidades africanas, mulheres de véu e, por trás de tudo isso, a deliciosa sedução da aventura. Nas agências de turismo, não se economizam promessas.” O sarcasmo surge espontaneamente sob a pena do repórter Bernard Lecache diante da situação do Magreb, no verão de 1937. As propagandas turísticas são o reflexo de uma representação exótica e consumista da África Setentrional, vendida pela imprensa, pelos governos e pelos colonos. Do outro lado, intelectuais anticolonialistas marginais, descritos pelo historiador Claude Liauzu.1 Entre eles, alguns jornalistas cujas vozes serão ouvidas durante o governo da Frente Popular, coalizão de partidos de esquerda que liderou a França entre a primavera de 1936 e 8 de abril de 1938, quando Édouard Daladier sucedeu a Léon Blum como chefe de Estado, encerrando, de…