Banir a informação em tempo real
Desde a criação da Cable News Network (CNN), em 1980, até a era dos smartphones e das redes sociais, o “tempo real” não somente se acelerou, como também se aproximou dos usuários: não há mais necessidade de se sentar diante de um aparelho de televisão, ele se aninha no bolso. Será que com isso as pessoas estão mais bem informadas?
Em junho de 1973, os três canais do Escritório de Radiodifusão-Televisão Francês (ORTF) propunham a seus usuários uma informação decididamente descontínua: três jornais diários, às 13 horas, às 20 horas e pouco antes das 23 horas, este último com frequência precedendo a interrupção das transmissões do dia. A atualidade era abordada igualmente nas revistas eletrônicas, como La France Défigurée, consagrada à degradação das paisagens por construções pavorosas; Les Dossiers de l’Écran, precursor da fórmula filme-debate; e ainda Magazine 52, com sua reportagem investigativa semanal. No total, pouco menos de 75 horas de informação nacional, às quais se acrescentava cerca de uma dezena de horas em média das revistas eletrônicas.1 Asfixiado pela tutela política, o audiovisual “colava na atualidade”, enquanto a imprensa escrita a colocava em perspectiva e a analisava. Cinquenta anos depois, a liberalização do setor destruiu o monopólio público e a televisão digital aberta oferece gratuitamente trinta canais nacionais.…