Bigode para todos!
Trabalhadores contra a precarização, clientes “reféns”, sindicatos cuja legitimidade era contestada, contra-argumentos às “realidades econômicas” e questões mais amplas do que a luta particular de ambos os lados. Essa cantilena soa familiar? Talvez. Salvo que, em 1907, o conflito era sobre o direito ao uso do bigode
Bigode é coisa séria. Não se brinca com isso. Como diz a heroína do conto “O bigode”, de Guy de Maupassant: “Na verdade, um homem sem bigode não é mais um homem [...] o bigode é indispensável a uma fisionomia viril. Não, nunca poderás imaginar como essa escovinha de pelos no beiço é útil à vista e às relações entre esposos”. Enfim, “o bigode”, ou melhor, “os bigodes”, e suas classificações eruditas, suas declinações, seus subgrupos: à moda gaulesa, popular, aristocrata ou em forma de guidão de bicicleta, modelado com cera e as pontas viradas para cima. Uma pesquisa até se debruçou sobre a predisposição ao uso do bigode entre os ditadores. No entanto, nada de conclusivo: se 42% dos potentados exibiam pelos sob o nariz, a razão disso geralmente se devia ao costume de seu país. Em 17 de abril de 1907, as tropas francesas invadiram Oujda, no Marrocos,…