Bo Widerberg, o anti-Bergman
Ele escolheu mostrar uma greve no interior e homenagear o sindicalista Joe Hill, mas também falou de amor. Inventou o “filme policial sueco” e fez nascer um novo tipo de jogo entre os atores. Bo Widerberg celebra a contestação da ordem, solitária ou coletiva, com uma liberdade e um lirismo dos quais havíamos nos esquecido
Antes que surgisse a possibilidade de ver em casa a maior parte dos filmes que conquistaram o status de clássicos, os historiadores do cinema, de geração em geração, celebrizaram quase os mesmos filmes e cineastas. A partir de agora, grande parte da produção cinematográfica é visível, e alguns diretores desconhecidos ou esquecidos podem ressurgir. Assim, a reedição e a distribuição, pela Malavida,1 de doze dos quinze filmes do sueco Bo Widerberg permitem colocá-lo em seu devido lugar. Na realidade, seu cinema denunciando usualmente as injustiças sociais não é o preferido pelo gosto oficial, que só aprecia os extremamente sensíveis se eles acabarem aderindo aos gostos estéticos dominantes – o que ilustra o itinerário de Maurice Pialat começando por L’Enfance nue [A infância nua] para acabar no Le Garçu [O garoto]. Isso não foi o que aconteceu com Widerberg. Nasceu em Malmö, em 1930, filho de operário, ele não estudou durante…