Bulgária: a terra da segurança privada
Nascidas entre as ruínas da ordem pública comunista, as empresas de segurança privada da Bulgária têm hoje quase tantos efetivos quanto as da França, em uma população dez vezes menor. E não se limitam a garantir a proteção da propriedade, servindo também como um substituto dos serviços públicos e prosperando no cruzamento de múltiplos interesses entre a vida política, os círculos criminosos e os poderes financeiros
Ninguém mais vem morar em Novo Jelezare. Os silos enferrujam ao sol e as construções se arruínam. Nessa vila perdida na Planície da Trácia, nem uma só cabeça aparece nas ruas na hora da sesta. Do largo da igreja à praça da prefeitura, tudo está vazio. Dimitar Gargov, bigode grisalho combinando com a jaqueta, parece um xerife norte-americano. Agente de uma empresa de segurança local, a Traffic Sot, ele às vezes faz uma visita não programada, quando não vem entregar comida, remédios ou lenha para o inverno. “Você pode morrer aqui e levar meses até alguém notar”, diz ele batendo a uma porta. Penka Litova, de colete preto em sinal de luto, abre a porta. Ela veio de uma vila vizinha há vinte anos. “Vim ajudar meus pais doentes e estou aqui sozinha há treze anos. Meus filhos emigraram para o Reino Unido. Não temos mais nem transporte público. A…