A burguesia francesa se recompõe em Versalhes
O coração da direita francesa sempre bateu em Versalhes. Ele bate sobretudo por Emmanuel Macron, com quem o prefeito da cidade se parece. Encarnação do bloco burguês, ele navega com elegância entre uma extrema direita católica assombrada pelo islã e as classes superiores preocupadas com espaços verdes, ciclovias e peças de Molière
François de Mazières, prefeito de Versalhes desde 2008, é apaixonado pelo ciclismo e pela arquitetura. Sexagenário com ares de estudante esperto, ele lidera uma cruzada contra a feiura urbana e contra a reputação conservadora de sua cidade. No entanto, na eleição presidencial deste ano, o candidato de extrema direita Éric Zemmour obteve ali 18% dos votos, mais de 10 pontos a mais do que sua média nacional. Nos bairros nobres, ele conseguiu atrair os votos que iriam para o partido da direita parlamentar Os Republicanos, um sinal da porosidade política e social que pode existir entre esses dois universos. Mas Zemmour ficou em segundo lugar, muito atrás de Emmanuel Macron (33% dos votos), que a burguesia local, hegemônica, considerou mais apto a defender seus interesses, além de uma parte dela, composta de novos habitantes da cidade, ser menos ligada a tradições reacionárias. “A cidade tem uma aura desproporcional em relação à…