Claudia Sheinbaum, construir uma vitória
A nova presidenta do México não deve sua eleição apenas à popularidade histórica de seu antecessor. Seu sucesso também se explica pelo longo trabalho de proximidade realizado pela esquerda na Cidade do México, junto ou dentro de associações da sociedade civil
A princípio, é difícil distinguir o amarelo da fachada no meio das outras casas do bairro. Depois, um detalhe indica que se está no lugar certo: uma pequena multidão de mulheres se aglomera diante da porta. Naquela manhã de primavera de 1999, estávamos no local da associação Asamblea de Barrios (AB), no distrito de Venustiano Carranza, no nordeste da Cidade do México. Criada doze anos antes por militantes de esquerda, alguns dos quais participantes da guerrilha, a Asamblea de Barrios defendia na época o direito ao reassentamento das vítimas do terremoto de 19 de setembro de 1985, que causou mais de 10 mil mortes. Esquecidas pelos planos de reconstrução do governo, essas pessoas aprenderam, aos poucos, que podiam encontrar na AB o apoio que o poder público não lhes oferecia. Naquele dia, a reunião tinha como objetivo informar os presentes, em sua maioria mães de família, sobre o andamento do…