Como os EUA cultivam a impunidade
No trecho abaixo, extraído de Dining with Terrorists, Phil Rees destaca a ação da Casa Branca para livrar os soldados norte-americanos do Tribunal Penal Internacional, que julga crimes de guerraPhil Rees
“Em 1998, os representantes dos países-membros da ONU reuniram-se em Roma e adotaram um tratado que estabelece uma jurisdição mundial para julgar os crimes de guerra, os contra a humanidade e os genocídios. Apenas um governo importante recusou-se a ratificar o tratado: os Estados Unidos. A legislação (o American Service-Members? Protection Act de 2001) impede os norte-americanos de colaborarem com o tribunal e autoriza o presidente a “recorrer a todos os meios necessários e apropriados para obter a libertação de membros dos Estados Unidos, ou assimilados, detidos contra sua vontade pelo Tribunal Penal Internacional”. Os EUA privaram de qualquer ajuda dezenas de países que recusaram admitir a imunidade dos soldados norte-americanos acusados de crimes de guerra. E por outro lado, Washington assinou acordos bilaterais com aproximadamente uma centena de governos que isentam de perseguição os soldados americanos e assimilados.
“A ’guerra contra o terrorismo’ modificou a paisagem jurídica internacional e tornou legítimo recorrer aos tribunais militares para se fazer justiça, ao invés dos tribunais civis de vocação internacional. Agora, não temos mais relações com a uma guarda internacional encarregada de fazer reinar a justiça, mas com um exército ?mundial? dirigido pela América do Norte que se bate contra o Mal”.
(Dining with Terrorists, página 176.
Tradução: Elisa Buzzo
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