Em Cuba, big bang monetário agrava as dificuldades econômicas
Escassez, filas em lojas, crescimento do mercado paralelo de moeda estrangeira e inflação: há três anos, a economia cubana enfrenta uma profunda crise. Embora o embargo seja estruturalmente responsável por essa situação, uma reforma monetária para unificar o peso piorou as coisas. A população procura enfrentar as dificuldades, mas as partidas para o exterior se multiplicam
Uma discussão se inicia na Avenida Carlos III, uma das grandes artérias de Havana. De repente, o tumulto domina o reggaeton, que pulsa sem cessar de um alto-falante na calçada oposta. Sob um calor sufocante, cerca de cinquenta pessoas lutam para garantir sua posição em uma fila, enquanto outras tentam discretamente ganhar alguns lugares. O que está em jogo? De uns anos para cá, conseguir comprar, antes que os estoques acabem, um dos pacotes de cinco salsichas à venda equivale a um tesouro em Cuba. Miguel,¹ professor de Engenharia Nuclear da Universidade de Havana, espera seus perritos, como são chamados pelos cubanos. “Ganho 3.700 pesos por mês (cerca de R$ 150) e vou pagar 90 pesos por essas salsichas. A espera pode durar uma ou duas horas. É nosso dia a dia.” Ele abre sua sacola de compras. “Acabei de comprar 500 gramas de arroz, feijão, uma berinjela, um pepino, três…