Curva à direita na Nova Zelândia
Milhares de manifestantes desfilaram no início de dezembro nas ruas de Auckland e Wellington para defender os direitos dos maoris: sua revisão está no programa do novo governo, sem dúvida o mais conservador da história neozelandesa. A virada à direita ocorre após os trabalhistas terem decepcionado as esperanças de progresso social nascidas de sua eleição em 2017
Em outubro de 2017, o Partido Trabalhista da Nova Zelândia (NZLP, de centro-esquerda) regressava ao poder após nove anos na oposição. Algumas semanas antes das eleições, o partido ainda estava afundado em profundas ondas de impopularidade. Uma quarta derrota eleitoral consecutiva parecia inevitável. No entanto, num último esforço para salvar o dia, o presidente do partido, Andrew Little, jogou a toalha e entregou o cargo à sua vice, Jacinda Ardern. O efeito foi instantâneo. A popularidade do Partido Trabalhista disparou. Em todo o país, multidões eufóricas reuniram-se em comícios pela candidata, que, nas pesquisas, rapidamente ultrapassou o rival do partido no poder, o Partido Nacional da Nova Zelândia (NZNP, de centro-direita). Jacinda Ardern foi carismática e é perfeitamente versada em mídias sociais. No entanto, sua promessa de mudança também contrastou com a ortodoxia à qual o país tinha até então aderido zelosamente: “o neoliberalismo falhou”, declarou ela durante sua campanha,…