Democracia ou luta de classes?
Do déjà-vu geopolítico à armadilha progressista: como o PT pode ser vítima do próprio sucesso ao estabilizar as instituições
Revisitando 2022: a coalizão democrática No ano das últimas eleições presidenciais, formou-se uma aliança particularmente heterogênea em torno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reunindo desde a esquerda e movimentos sociais até setores cosmopolitas do capital e da mídia corporativa. Isso ocorreu porque parcela significativa da burguesia nacional – incluindo a cúpula do Judiciário – concluiu que somente o líder petista poderia derrotar Jair Bolsonaro (PL), responsável por mais de 700 mil mortes na pandemia. Do outro lado, o bolsonarismo congregou o agronegócio, o policialismo, o evangelicalismo e setores do capital nacional, conforme análise do cientista político André Singer.[1] O subproletariado (renda de até dois salários mínimos) apoiou Lula, enquanto os remediados (dois a cinco salários) optaram majoritariamente por Bolsonaro. O tabuleiro em transformação Felizmente, a ameaça bolsonarista direta hoje perde força. Com a inelegibilidade de Bolsonaro e uma muito provável condenação judicial, o capital cosmopolita – que antes…