Democracia sem panos quentes
O tratamento que será dado para aqueles que apostam no golpe de Estado e que praticaram crimes contra a democracia será determinante para restabelecer ou não os limites democráticos da ação pública e da convivência social, bem como para conter a violência e o arbítrio.
Depois da enorme festa cívica, um verdadeiro alívio trazido pela vitória de Lula, em que se anunciou a restauração da democracia, temos de reconhecer que o bolsonarismo continua aí, atacando as instituições, o resultado eleitoral, e propondo a ditadura. O futuro próximo nos reserva um cenário de conflitos e violência, especialmente nos dois meses que restam para esse governo de milicianos e seus apoiadores. Os bloqueios nas estradas, recusando o resultado das eleições, promovidos por empresários bolsonaristas ligados ao transporte de carga, é também um teste de como as instituições democráticas vão tratar os atentados à democracia a partir de agora. O mesmo se pode dizer de como será tratada a insubordinação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, desobedecendo às diretrizes do Tribunal Superior Eleitoral, bloqueou mais de quinhentos ônibus intermunicipais que levavam as pessoas para votar e depois se alinhou com os empresários de transporte de carga bolsonaristas, descumprindo…