Do ruim para o pior
A enxurrada de decisões tomadas pela Casa Branca cerceando liberdades, aliada ao apoio de oligarcas da tecnologia seduzidos pela extrema direita, provoca estupor e pavor entre os liberais europeus. Por não conseguirem conceber uma resposta ou mudar de rumo, eles esperam que seus críticos de esquerda venham mais uma vez socorrê-los politicamente. Esse desejo será atendido?
É, mais uma vez, o fim do mundo. Rejeitada por seu suserano norte-americano, a Europa liberal-democrata, na avaliação de seus dirigentes, deveria agora cumprir seu destino e derrotar uma hidra de duas cabeças: de um lado, o consórcio Donald Trump-Vladimir Putin, unido pelo ódio à Ucrânia e à União Europeia; de outro, o grupo de predadores do Vale do Silício que ameaça a humanidade. “O novo eixo do mundo é Trump-Putin”, declarou Jean-Yves Le Drian, ex-ministro de François Hollande e Emmanuel Macron (LCI, 27 fev. 2025). “Diante do eixo Trump-Putin, a Europa deve agir imediatamente”, exortava naquele mesmo dia, no Le Monde, o ex-vice-chanceler ecologista alemão Joschka Fischer. A ameaça, “existencial”, exigiria que Bruxelas retomasse a bandeira do “mundo livre” das mãos do mestre norte-americano que a pisoteou. Para que todos tomem consciência do perigo, as antenas progressistas disputam a participação do elegante ensaísta Giuliano da Empoli. Tão pouco interrompido…