Em busca de sentido nas relações Brasil-Estados Unidos
Desde seus primeiros meses, o governo Bolsonaro conclamou uma política internacional que integrasse o Brasil ao círculo de países governados por líderes e ideais da extrema direita e defendia um alinhamento incondicional do Planalto à Casa Branca
O presente texto atende a um duplo propósito: por um lado, consideramos fundamental identificar os pontos de articulação entre a evolução recente do relacionamento Brasil-Estados Unidos e o momento de transição da ordem internacional, com especial atenção às consequências geopolíticas e geoeconômicas da rivalidade ascendente entre Washington e Pequim; por outro, intencionamos outorgar às reflexões, que serão brevemente apresentadas, um sentido de continuidade com nossos esforços prévios de análise crítica desse relacionamento (HIRST; PEREIRA, 2016). Em trabalhos anteriores buscamos sublinhar a progressiva perda de centralidade dos Estados Unidos para o Brasil a partir do início do século XXI. Outrossim, vinculamos essa tendência à reconfigurada atuação do país em diferentes tabuleiros da política regional e global. Nossa suposição é de que, apesar da opacidade que prevalece quanto à lógica de perenidade da política externa brasileira perante uma imperiosa tendência disruptiva do governo Bolsonaro, o vínculo bilateral acaba por repetir dinâmicas previamente…