Em El Salvador, bitcoins, gangues e um presidente barulhento
Eleito em junho de 2019, o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, pretende reduzir a criminalidade em seu país realizando prisões em massa, à custa das liberdades individuais e dos direitos humanos. Ativo nas redes sociais, ele também adota a imagem de fã de tecnologia e promotor de criptomoedas. Porém, nada disso esconde a fragilidade de seu programa político
Turistas de bermuda com flores havaianas, boné de skatista e protetor solar borrado no rosto passeiam pelas ruelas de areia de El Zonte, área de surfe localizada a uma hora da capital de El Salvador, o menor país da América Central. Eles falam inglês com sotaque norte-americano, australiano e até alemão. Segurando “paus de selfie”, posam com seus drinques diante do magnífico pôr do sol alaranjado, depois se extasiam com as minúsculas tartarugas recém-nascidas que correm desajeitadamente rumo a suas primeiras ondas. Os smartphones de última geração estão sempre com esses veranistas, inclusive na hora de pagar cocos e pupusas (tortilhas de milho recheadas com queijo e feijão) em bitcoins, por meio de QR Codes. A criptomoeda passou por dois anos de testes em El Zonte, rebatizada de Bitcoin Beach [Praia do Bitcoin]. Em 8 de junho de 2021, o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, decidiu então torná-la uma “moeda” de…