Em Israel, a árvore também é uma ferramenta colonial
Como apagar os vestígios dos vilarejos árabes esvaziados de sua população durante a Nakba de 1948? Como forçar os beduínos do Neguev a partir? Plantando árvores. Missão do Fundo Nacional Judaico, o reflorestamento voluntário desenha uma nova geografia em Israel e mascara a presença de vestígios que testemunham a presença palestina, ao custo de significativos riscos ambientais
Nesta manhã de janeiro de 2022, o vento do Deserto do Neguev, no sul de Israel, se levantou, acompanhando a centena de beduínos que estavam reunidos para expressar sua indignação. Há décadas, essa minoria, uma das mais marginalizadas do país, denuncia a violenta apropriação de suas terras ancestrais pelo Estado israelense. No cerne desse levante, um projeto – hoje cancelado – de plantio de árvores, conduzido pelo Fundo Nacional Judaico (FNJ), organização privada que administra a maior parte das florestas em Israel. “Eles chegaram uma manhã ao vilarejo de Sa’wa e começaram a plantar árvores no meio das habitações, para criar uma floresta. Foi insano”, lembra Khalil al-Amour, advogado e ativista pelos direitos dos vilarejos beduínos do Neguev. Itamar Ben Gvir, atualmente ministro da Segurança Nacional de extrema direita, esteve pessoalmente no local para apoiar a iniciativa e plantar árvores nos arredores do vilarejo. “Esse projeto de reflorestamento é um…