Em Taiwan, a guerra sobre a narrativa nacional
Entregas de armas de Washington contra operações navais de Pequim, provocações do Congresso norte-americano contra discursos marciais do presidente Xi Jinping – a aproximação das eleições gerais em 13 de janeiro em Taiwan exacerba as tensões entre os Estados Unidos e a China. No local, a rivalidade geopolítica às vezes se disfarça por trás de outros debates: aqueles que dividem a sociedade em torno de sua “identidade profunda”
“Quando olhamos para uma estátua, podemos decidir ver apenas uma estátua. Podemos também ver um símbolo. Isso varia de acordo com as pessoas.” No memorial de Chiang Kai-shek, o líder que transferiu o governo da República da China para solo taiwanês após a vitória dos comunistas no continente, em 1949, um funcionário tenta relativizar os debates acalorados em torno da figura do antigo ditador (1945-1975). Ele se recusa a fornecer o nome ou revelar mais detalhes sobre sua percepção do generalíssimo, uma figura incontornável na história da ilha: “O memorial é um assunto muito sensível neste momento. Ninguém responderá a suas perguntas se você não se comprometer a garantir o anonimato”, assegura. Local emblemático da capital de Taiwan, o monumento ergue-se bem no centro do distrito administrativo de Taipei, em frente à biblioteca nacional. O visitante acessa o local passando por um arco que indica “Praça da Liberdade”. Em seguida,…