Entre águas bravas e mansas. Índios & quilombolas em Oriximiná
Livro trata dos povos indígenas e quilombolas que vivem no interflúvio formado pelos rios Nhamundá, Trombetas e Erepecuru, ligados principalmente ao município de Oriximiná, mas também a Óbidos, Faro e Nhamundá, na divisa entre os estados do Pará com Amazonasequipe Le Monde Diplomatique Brasil
O livro “Entre águas bravas e mansas. Índios & quilombolas em Oriximiná”, produzido pela Comissão Pró-Índio de São Paulo e o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, trata dos povos indígenas e quilombolas que vivem no interflúvio formado pelos rios Nhamundá, Trombetas e Erepecuru, ligados principalmente ao município de Oriximiná, mas também a Óbidos, Faro e Nhamundá, na divisa entre os estados do Pará com Amazonas. A publicação será lançada no próximo dia 8 de outubro, em São Paulo, em um evento na Universidade de São Paulo, com a presença de lideranças indígenas e quilombolas de Oriximiná.
Índios e quilombolas nessa região conhecem-se há 200 anos, desde quando escravos fugidos de fazendas e cidades do Baixo Amazonas (Pará) subiram as águas mansas do Rio Trombetas em busca de refúgio, alcançando as águas bravas e os territórios indígenas e ali fundando seus mocambos, como eram denominados regionalmente os quilombos.
O evento será uma oportunidade para divulgar e pedir apoio para a campanha em defesa de suas terras e florestas, ameaçadas pela demora na regularização fundiária, pelo avanço da expansão minerária e a retomada dos estudos para construção das hidrelétricas no Rio Trombetas.
Livro
Que povos são esses, que relações permeiam sua história, como vivem, são informações que não se encontram com facilidade. Contribuir para preencher tal lacuna é o propósito deste livro que reúne artigos de 18 autores que aceitaram o convite para disponibilizar ao público os conhecimentos gerados em recentes estudos sobre tais povos.
A ideia deste livro nasceu no contexto da “articulação indígena-quilombola” que se iniciou em setembro de 2012, quando o Quilombo Abuí recebeu mais de 170 convidados para um reencontro histórico: o “1º Encontro Índios e Quilombolas de Oriximiná”, que representou um marco nas atuais e resignificadas relações entre índios e quilombolas nessa região. O evento promovido pela Comissão Pró-Índio e Iepé buscou incentivar a parceria entre índios e quilombolas frente a novos desafios comuns, como as regularizações fundiárias pendentes e a proteção dos territórios ameaçados pelo avanço dos empreendimentos de mineração, madeireiros e de geração de energia. Desde aquele primeiro encontro, a “articulação indígena-quilombola” vem se consolidando com a realização de atividades em Belém, Brasília, Santarém e Oriximiná.
Ao longo dos rios Trombetas, Mapuera, Cachorro, Nhamundá e Erepecuru vivem os povos indígenas Waiwai e Katxuyana, Hixkariyana, Inkarïnyana, Kahyana, Tunayana, Txikiyana, Kamarayana, Karafawyana, Mawayana, Okomoyana, Pirixiyana, Txarumayana, Xerewyana, Xowyana, Katwuena, Farukoto e Zo’é. Atualmente, tais povos indígenas contam com uma população em torno de 4.300 pessoas distribuídas em 46 aldeias, situadas em
Quatro terras indígenas: Nhamundá-Mapuera, Trombetas-Mapuera e Zo’é (demarcadas) e Katxuyana-Tunayana (em processo de regularização fundiária).
Os quilombolas atualmente estão organizados em 36 comunidades rurais distribuídas em oito territórios coletivos às margens dos rios Erepecuru, Cuminã, Acapu e Trombetas. Estima-se que somem 8 mil pessoas (mil famílias). Os quilombolas de Oriximiná são conhecidos por terem sido os primeiros no Brasil a conquistar a titulação coletiva de suas terras. Uma luta que ainda não foi concluída, uma vez que 15 comunidades ainda aguardam pela titulação de quatro terras (Alto Trombetas, Alto Trombetas 2, Ariramba e Cachoeira Porteira).
Percorrendo diferentes aspectos da história e modos de vida dos índios e quilombolas que vivem na região de Oriximiná, o livro presta uma homenagem a esses povos, divulgando informações que contribuam para a defesa de seus direitos constitucionais, principalmente à terra e à autodeterminação, e para que se fortaleçam face aos desafios que enfrentam atualmente para manter o “sossego” em seus territórios.
O livro pode ser acessado no link: http://cpisp.org.br/flipbook/EntreAguasBravaseMansas/
Saiba mais sobre a articulação índios e quilombolas de Oriximiná: http://www.quilombo.org.br/#!indios-quilombolas/cz17