Entre vitrines e negócios, o clima
Apesar da presença e da pressão da sociedade civil para resultados comprometidos e ambiciosos nas negociações climáticas, a Conferência do Clima é tensionada por agentes do capitalismo verde para ser uma feira de oportunidades com o único objetivo de acumulação privada de setores privilegiados
Em um painel de discussão sobre bioeconomia realizado no Pavilhão Brasil durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 28), um representante do setor privado defendeu um modelo de geração de renda para povos indígenas por meio da participação acionária de comunidades locais em empresas exploradoras das capacidades naturais de seus territórios. O painelista apresentou o caminho como uma solução certa para o desenvolvimento local e a justiça social. Em outro debate em Dubai, dessa vez no espaço da Confederação Nacional da Indústria (CNI), empresários do agronegócio apresentaram práticas de monocultura de cana-de-açúcar e eucalipto como soluções baseadas na natureza para reduzir emissões de gases de efeito estufa e, portanto, ajudar o país a alcançar suas metas climáticas. Em outros vários painéis na programação da COP 28, o mercado de carbono dominou as discussões. Apesar de serem apostas diferentes, todas essas práticas têm um ponto em…