Estrondo de armas, estoques no limite
Ao envolver massas consideráveis de homens e equipamentos e ao se desenrolar em novos terrenos – o espaço, especialmente –, o conflito entre Kiev e Moscou tem uma natureza inédita. A menos que haja exaustão brutal de uma das partes, parece improvável que a guerra termine em vitória militar. Enquanto isso, a diplomacia continua interrompida
Vinte anos após os embates que dilaceraram a ex-Iugoslávia, o estrondo das armas volta ao continente europeu. Os combates na Ucrânia são objeto de comentários cotidianos; contudo, poucas análises contemplam as características e a originalidade dessa guerra. Industrial, ela se desenrola “sob a ameaça nuclear”. Apesar das evidentes semelhanças com os conflitos armados do século XX, seus modos de operação a ancoram claramente no quadro bélico do século XXI. Para muitos analistas, o conflito russo-ucraniano assinala o retorno de uma guerra de alta intensidade. No entanto, então os conflitos dos trinta últimos anos nos Bálcãs, no Afeganistão, no Oriente Médio ou na Líbia não o foram? A resposta é que a intensidade não é nem psicológica nem política: refere-se à quantidade de pessoal e material utilizado. Por esse critério, a Batalha de Mossul, no Iraque, em 2016-2017, já foi de alta intensidade. Envolveu 100 mil combatentes da coalizão ocidental contra…