França e Sul Global: um desencontro?
Depois de cultivar por muito tempo uma diplomacia autônoma, a França agora não para de se alinhar ao restante do Ocidente. Nos conflitos na Ucrânia e em Gaza, ela não se distingue dos Estados Unidos e dos europeus. As recomposições geopolíticas em curso e a afirmação dos países do Sul justificariam, ao contrário, a perseguição de um caminho francês inspirado em De Gaulle e Mitterand
O alcance moral e intelectual, a influência econômica e o poder militar permitem satisfazer facilmente os interesses das potências dominantes. O mundo ocidental tem usado, às vezes abusivamente, esse domínio, com os Estados Unidos liderando. No entanto, por muito tempo a União Soviética também se beneficiou de uma verdadeira influência ideológica, apoiada em uma doutrina emancipatória e um poder militar respaldado por seu arsenal nuclear. Os países ocidentais encaravam suas liberdades como formais, sua economia como capitalista e sua política externa como imperialista. A mudança na correlação de força em favor do Ocidente foi materializada pelos Acordos de Helsinque, em 1975, assinados por União Soviética, países europeus, Estados Unidos e Canadá. O Ato Final confirmava a inviolabilidade das fronteiras (e não sua intangibilidade, como desejavam os soviéticos, que queriam excluir qualquer modificação, mesmo negociada ou democraticamente decidida) e promovia a cooperação econômica – necessária para a União Soviética – e,…