A França lava as mãos
Visto de longe, tudo parecia calmo. Ou caminhando para a normalização, após os recentes acordos entre Tel Aviv e vários países árabes. No entanto, quando o Hamas lançou seu ataque em 7 de outubro, os canais de notícias entraram em edição especial: para atribuir a operação ao Irã e para focar a natureza do ataque e impor o adjetivo “terrorista”. Enquanto em Israel a raiva cresce contra um poder falho que não conseguiu evitar o massacre, os palestinos contam suas mortes aos milhares. Alinhada com a dos Estados Unidos, a diplomacia francesa se fecha na impotência voluntária
Em 13 de outubro de 1996, no dia seguinte a uma altercação que se tornaria célebre com a polícia israelense em Jerusalém, Jacques Chirac encontrou-se com o dirigente palestino Yasser Arafat em Gaza. Diante de uma multidão entusiasmada, os dois presidentes inauguraram a Rua Charles de Gaulle. Uma década depois, em abril de 2007, o novo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, achava-se em Paris quando anunciou a criação próxima da Rua Jacques Chirac em Ramallah. Não haverá Rua Emmanuel Macron em Nablus. O presidente francês é detestado nos países árabes: quando os habitantes de Túnis ou Beirute foram às ruas para protestar contra a resposta israelense aos ataques perpetrados pelo Hamas e seus aliados em 7 de outubro, foi diante da embaixada da França que se concentraram, aos gritos de “Macron assassino”. “Não pode jamais haver ‘sim, porém...’. [...] Israel tem o direito de se defender”, martelou o presidente…