O fracasso da solução de dois Estados
A Questão Palestina parecia ter sido resolvida com a assinatura de acordos de normalização entre Israel e vários Estados árabes. No entanto, o ataque perpetrado pelo Hamas trouxe-a de volta ao primeiro plano, lembrando como a realidade que se impôs no território impede qualquer paz e segurança duradouras
Antes do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, não existiam negociações ou “processos de paz” entre israelenses e palestinos. Os Acordos de Oslo, assinados há trinta anos, pretendiam permitir uma convergência dos interesses das duas partes, mas na prática reforçaram principalmente a colonização e a ocupação. Um mês antes do início desta nova guerra, uma pesquisa de opinião realizada pelo Centro Palestino para Pesquisas Políticas e Estudos de Opinião (PSR) revelou que quase dois terços dos palestinos consideram que sua situação atual é pior do que a de antes de 1993.1 Contudo, do ponto de vista israelense, o “processo de paz” e sua decadência não parecem necessariamente ser um fracasso. Pelo contrário, como explica a jornalista Amira Hass, do diário Haaretz,2 a criação de enclaves palestinos constitui “o apogeu de um compromisso interno dentro do establishment israelense”: redefinir os contornos da ocupação a fim de eliminar politicamente…