Jack London, o poder indomável
Jack London (1876-1916) há tempos sofre com os rótulos: permanentemente subvalorizado como um romancista para crianças, ele foi celebrado vigorosamente como um modelo de escritor engajado. London conjugava todos os tipos de contradições. Muito além de um ideólogo, ele esteve a serviço de uma obra obstinada em contar a força dos vivos
Prefiro ser um meteoro soberbo, com cada um dos meus átomos irradiando seu magnífico brilho, a ser um planeta adormecido. A função do homem é viver, não existir.” Viver! Sentir o sangue borbulhando nas veias, cavalgar a tempestade, conduzir a vida como quem conduz o “galope simultâneo de quarenta cavalos furiosos”, viver cada momento em plena intensidade, como se fosse o último: “Não vou desperdiçar meus dias tentando prolongar a vida. Quero queimar todo o meu tempo”. Aí começam os mal-entendidos... Bandido, vendedor de jornais, varredor de rua, entregador de gelo, trabalhador braçal, pirata de ostras, informante da polícia, caçador de focas, estudante, militante socialista, caçador de ouro em Klondike, escritor, fazendeiro, viajante do mundo, jornalista dos abismos, queimando sua vida, perseguindo furiosamente a glória, a fortuna, disposto a tudo pelo sucesso, sua vida tornou-se uma lenda, a ponto de absorver sua obra. E ele foi mesmo um gigante bigger…