Maternidade e cuidado: uma jornada de trabalho sem fim
Do ponto de vista de duas mulheres negras como nós, que são mães solo desde a adolescência, a roda do cuidado foi evidenciada desde muito cedo
Imagine um tipo de trabalho que move a economia do país, mas é tão desvalorizado que nem visto como trabalho é. Se você pensou no trabalho do cuidado, pensou certo. Esse nicho, que pode ser remunerado ou não remunerado, tem gênero e cor: 45% das pessoas que trabalham no setor, com remuneração, são mulheres negras, de acordo com a Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Um levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que, diariamente, em todo o globo, mais de 16 bilhões de horas são dedicadas ao trabalho cuja remuneração é inexistente e a obrigatoriedade vem pela via do afeto, na maioria das vezes imputado às mulheres. No Brasil, essas mulheres, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 2022, gastam pelo menos dezessete horas por semana nos afazeres domésticos e…