Medicamentos como armas de guerra
A genômica e a biologia de sistemas estão rompendo as fronteiras entre a química e a biologia. Agora, as moléculas podem ser reprojetadas racionalmente para afetar nossos processos vitais. E isso oferece à indústria armamentista e aos governos perspectivas assustadoras
A Associação Médica Britânica (AMB) acaba de publicar um novo relatório sobre o “uso de drogas como armas”1. Esta é a terceira publicação da AMB alertando para a militarização da medicina e seu potencial para criar novos artefatos de guerra. Mas quanto devemos nos preocupar com o avanço crescente da farmacologia tática? O assunto esteve em cena pelo menos por quatro décadas. O especialista em armas químicas e biológicas Julian Perry Robinson, do Programa de Harvard-Sussex, relatou experimentos governamentais em seres humanos com as drogas alucinógenas incapacitantes LSD e BZ2; o uso de CS no campo de batalha do Vietnã; a pesquisa russa de codinome Bonfire, destinada a transformar os peptídeos humanos regulatórios em armas; o emprego de material químico em interrogatórios; e uma desconcertante linha de produtos psicoquímicos – paralisantes que interrompem a transmissão de impulsos nervosos, produtores de dor, irritantes baseados em componentes encontrados em fontes tão variadas quanto…