Medindo a gula digital
A indústria da inteligência artificial devora cada vez mais energia. No entanto, quantificar sua pegada de carbono é uma tarefa difícil: o Vale do Silício não divulga os dados. Além disso, o foco na quantificação de um perigo nem sempre favorece a ação coletiva para combatê-lo. É o caso de defender a transparência das atividades nocivas ou sua proibição?
Uma requisição ao ChatGPT consumiria 2,9 Wh, o equivalente a um forno de micro-ondas ligado durante 12 segundos. Isso seria dez vezes mais eletricidade do que uma pesquisa no Google. Esses dados foram amplamente repercutidos pela imprensa. No entanto, também surgiram informações de que o consumo do ChatGPT seria apenas seis[1] ou quatro vezes[2] superior ao do Google, ou até mais ou menos comparável.[3] Qual, afinal, é o valor correto? Somos tentados a responder que todos são igualmente verdadeiros – ou igualmente falsos. Uma coisa, porém, não deixa dúvida: o ChatGPT consome muita energia. Para atender às requisições, o serviço combina elementos extraídos de bases de dados gigantescas, valendo-se de infraestrutura de cálculo de grande porte. Entretanto, quantificar com precisão a pegada energética de cada uso configura um verdadeiro desafio. A eletricidade gasta para satisfazer uma requisição específica depende de uma infinidade de variáveis: o modelo de IA empregado, a…