Miscelânea – Resenhas
TODOS OS CONTOS Julio Cortázar, Cia. das Letras Na “falta de nome melhor”, Julio Cortázar considerava como pertencentes “ao gênero chamado fantástico” quase todos seus contos. A ligeira imprecisão do conceito quando aplicado a essa vertente de sua obra se justifica na medida em que, como aponta o crítico argentino Jaime Alazraki, ao contrário do fantástico do século XIX, nela o sobrenatural não assombra o leitor, tampouco suspende, breve ou demoradamente, a ordem realista, familiar. Nela, os planos real e fantástico convivem sem quaisquer ressalvas de verossimilhança, como em “Axolotes”, cujo narrador, logo na abertura, anuncia sua transformação no anfíbio exótico: “Houve um tempo em que eu pensava muito nos axolotes. Ia vê-los no aquário do Jardin de Plantes e passava horas olhando para eles, observando sua imobilidade, seus obscuros movimentos. Agora sou um axolote”. Essa obra vasta e de incontornável relevância para a prosa curta moderna é publicada pela…