Muitas transições: do desmonte à reconstrução do Estado no Brasil
Entre 2019 e 2022, o governo operou como se toda a institucionalidade construída desde a Constituição de 1988 tivesse de ser destruída e substituída por uma ordem geral liberal-autoritária. É desse cenário desolador que se deve partir para repensar o peso e o papel do Estado nacional (e da função pública) na contemporaneidade
Após longo e tormentoso período de intenções autoritárias, negação de direitos e outros atentados à Constituição Federal de 1988, mormente o desmonte de organizações e políticas públicas federais, chegou ao fim no Brasil o governo Bolsonaro, Guedes e cia. Infelizmente, no entanto, o malogro desse desgoverno não foi apenas eleitoral. Ao fim desse tenebroso período, constata-se, como consequência direta da tentativa de destruição dos aparatos e institucionalidades de Estado, uma imensa fragilização político-institucional e um quase colapso das condições econômicas e sociais de vida para imensos contingentes populacionais e regiões do país. Assim, diante desse quadro de terra arrasada é que desafios insanos se colocam para o recém-eleito governo Lula (2023-2026). Para enfrentá-los, praticamente tudo, em âmbito estatal, precisará passar ou por processos profundos e céleres de recriação ou reconstrução, ou por processos igualmente profundos e céleres de inovação e experimentalismo institucional. Entre esses, refiro-me aqui à – cada vez…