Nem sempre a tempestade dá lugar, de imediato, à bonança
A ascensão de Bolsonaro e do bolsonarismo dialoga com as marcas de continuidade com o passado autoritário e com a tradição do anticomunismo. Porém, é importante destacar que não se reduzem à reprodução desse passado, sendo também construções do tempo presente, reações a mudanças políticas que ocorreram após a Constituição de 1988 e durante os governos do PT
Momentos após a divulgação do resultado da eleição presidencial pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confirmou a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diversos analistas buscaram construir interpretações sobre os significados da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) e as permanências do bolsonarismo no país. A dificuldade para a elaboração de diagnósticos mais precisos sobre essa questão advém, em grande medida, do desafio em analisar se Bolsonaro e o bolsonarismo são acontecimentos passageiros e fugazes ou se se conformam como fenômenos estruturais e, portanto, contínuos do cenário político brasileiro. Ainda que a primeira tese – da efemeridade – tenha certo sentido, na medida em que a eleição presidencial de Bolsonaro em 2018, derrotando o candidato Fernando Haddad (PT), se deu em uma conjuntura política muito particular, caracterizada pelo desmoronamento do sistema partidário que havia se estruturado desde a redemocratização, nossa hipótese é de que fenômenos como Bolsonaro…