No Canadá, as ambiguidades do bilinguismo oficial
Primeiro-ministro demissionário do Canadá, Justin Trudeau obteve um consenso parlamentar para atualizar a lei sobre as línguas oficiais concebida por seu pai em 1969. Pierre Elliott Trudeau combatia a aspiração dos quebequenses à independência prometendo-lhes um país maior e bilíngue. No entanto, o reconhecimento de direitos linguísticos individuais, sem um marco territorial claro, consolidou uma assimetria entre o inglês e o francês, que segue ameaçado de declínio
“O Parlamento precisa de um reset, esfriar um pouco os ânimos para voltar ao trabalho.” Em 6 de janeiro, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou sua renúncia, que entrará em vigor em março. Diante de sua residência em Ottawa, a capital federal, ele discursa sem anotações, alternando entre um parágrafo em inglês e o mesmo em francês; responde primeiro em francês às perguntas dos jornalistas e depois repete em inglês, respeitando cuidadosamente a igualdade entre as duas línguas oficiais desse país de 40 milhões de habitantes. No entanto, bastou a arrogância de um cliente anglófono em um supermercado de Vaudreuil-Dorion para incendiar as redes sociais na semana seguinte. A imprensa também explorou amplamente a incapacidade da governadora-geral (representante do rei Charles III), Mary Simon, de falar francês durante uma visita a Lévis, uma cidade quase exclusivamente francófona. Vigiado há cinquenta anos por sua política de ordenamento linguístico, o Canadá construiu…