No México, o balanço contraditório de um presidente popular
Em 1º de outubro de 2024, Andrés Manuel López Obrador deixou o poder. O idealizador da “quarta transformação” transformou-se em uma das figuras mais populares da história do México. Algumas de suas políticas, contudo, desapontaram e fazem parte do legado transmitido à nova presidenta, Claudia Sheinbaum, cuja agenda – mudança na continuidade – se mostra delicada
Andrés Manuel López Obrador – conhecido como AMLO – encerrou seu mandato de seis anos (2018-2024) com mais de 70% de aprovação. Sua popularidade explica em grande parte a ampla vitória de seu grupo nas eleições gerais de 2 de junho de 2024 (ler na pág. 34). Aliado ao Partido do Trabalho (PT) – social-democrata – e ao Partido Verde Ecologista do México (PVEM), o Movimento de Regeneração Nacional (Morena) manteve a presidência e conquistou também a maioria no Congresso. A coalizão presidencial obteve inclusive a maioria qualificada – que permite reformar a Constituição –, com 364 deputados de um total de 500, 86 senadores de 128 e os governos de 24 dos 32 estados da federação. A sucessora de AMLO, Claudia Sheinbaum, recebeu 59,3% dos votos, ou seja, 35,9 milhões de sufrágios, 6 milhões a mais que seu antecessor em 2018. A ex-prefeita da Cidade do México torna-se, assim,…