Nos rastros da frota fantasma russa
No início de 2025, os Estados Unidos e a Europa adotaram novas sanções contra as exportações de petróleo russo, mirando especificamente alguns navios petroleiros. Desde a adoção do bloqueio econômico ocidental contra Moscou em 2022, uma rede de empresários das sombras tem ajudado a Rússia a escoar seus hidrocarbonetos. Essa rede traça, em negativo, os contornos de outra globalização, um reflexo opaco da primeira
Sob o sol escaldante do Deserto da Arábia, tanques gigantes de combustível se alinham dos dois lados da estrada. Seguindo para o norte, a partir do porto emiradense de Fujeira, chega-se a uma das maiores zonas de armazenamento de petróleo do mundo. “Antigamente, aqui ficava um bairro chamado Al Qurayyah, mas os moradores acabaram indo embora, porque o cheiro de gasolina era insuportável. Depois, tudo foi demolido e substituído por esses reservatórios”, conta Alam Khursheed ao volante de seu carro antigo. O imigrante paquistanês, instalado ali há cinco anos, nos guia. Do lado terrestre, a montanha está sendo escavada para expandir ainda mais a área industrial castigada pelos ventos do Golfo de Omã. Do lado do mar, o horizonte está saturado de petroleiros: eles param para reabastecer ou descarregar suas cargas, como os navios cada vez mais numerosos transportando petróleo russo, vindos do Estreito de Kerch, das margens do Mar…