Nova Caledônia: as razões da revolta
Ao decidir impor uma modificação no colégio eleitoral da Nova Caledônia, o presidente Emmanuel Macron inflamou o arquipélago. Embora as mobilizações tenham sido interrompidas até as eleições legislativas francesas de 7 de julho, a raiva popular não diminuiu. Tendo apoiado um dos lados na disputa sobre a independência, o Estado francês ainda pode ser o garantidor do processo de descolonização imaginado há quase quarenta anos?
A Nova Caledônia ainda está em uma situação colonial? Enquanto o arquipélago do Pacífico Sul enfrenta uma grave crise insurrecional desde 13 de maio, com nove mortos e muitos feridos, centenas de casas e empresas incendiadas, uma economia local em colapso e grandes dificuldades de abastecimento e acesso a cuidados, essa questão pode parecer retórica. Mas não é. O primeiro dos desacordos entre aqueles que se confrontam nas ruas da capital, Nouméa, e nas redes sociais reside precisamente na resposta a essa pergunta. Para alguns, partidários da permanência do território na República francesa, a página colonial já foi virada. Os acordos políticos que se sucederam desde 1988 não apenas trouxeram a paz civil – que se revelou frágil –, mas também completaram uma descolonização de tipo novo, resultando na reafirmação do vínculo indissolúvel entre a Nova Caledônia e a França. Para outros, é precisamente porque a dívida colonial não foi…