O avanço da extrema direita portuguesa
Há oito anos no poder, o Partido Socialista perdeu as eleições em Portugal. Nenhuma força obteve a maioria absoluta, mas a coalizão de direita foi a mais votada. Seu líder, Luís Montenegro, assume um governo minoritário no Parlamento, por enquanto sem se aliar à extrema direita em ascensão. O que levou ao fim da exceção portuguesa?
Em 25 de abril, Portugal comemora o quinquagésimo aniversário da Revolução dos Cravos. Entretanto, em 10 de março, um partido de extrema direita se tornou a terceira força política do país. O Chega passou de 7,15% dos sufrágios no pleito legislativo de 2022 para cerca de 18%, quadruplicando o número de seus deputados de doze para cinquenta. Ao fim de um escrutínio antecipado, marcado por um aumento da participação – 59,84%, ou seja, a taxa mais alta desde 1995 –, foi a Aliança Democrática (AD), uma coalizão de partidos de direita tradicional encabeçada pelo Partido Social-Democrata (PSD), que venceu com 28,85% dos votos e oitenta deputados. Isso não é nem de longe a maioria absoluta (116 cadeiras) que em 2022 o Partido Socialista obteve sozinho, mas ficou agora com 28% e 77 deputados. Após oito anos no poder, seus dirigentes declararam que iriam para a “oposição” e fecharam a porta…