O calcanhar de aquiles do sistema nuclear francês
Nos próximos cinco anos, 53 dos 58 reatores que formam o parque atômico francês ultrapassarão quarenta anos de funcionamento. Será necessário prorrogar esse tipo de geração de energia para além da duração prevista na concepção do sistema e substituir as centrais pela nova geração, chamada EPR, ou abandonar progressivamente a energia nuclear?
O bloco de aço de 23,2 centímetros de espessura e 4,72 metros de diâmetro desempenha um papel crucial no confinamento das centrais termonucleares. No tanque ou recipiente que abrigam o núcleo do reator acontece a fissão controlada de urânio em água sob alta pressão. Uma fissura ou uma ruptura brutal da calota no fundo do recipiente podem conduzir a um acidente sério, dificilmente administrável. O aumento da pressão no interior do tanque de concreto seria rápido demais para ser controlado – e a explosão acarretaria a liberação de rejeitos de radioatividade na atmosfera, com prejuízos incalculáveis. “A ruptura está fora de questão”, martela o presidente da Autoridade de Segurança Nuclear (ASN), Pierre-Franck Chevet, diante do Gabinete Parlamentar de Escolhas Científicas e Tecnológicas. Nesse 25 de junho de 2015, os eleitos já estavam perplexos pela descoberta de defeitos de fabricação no tanque já instalado no reator EPR,1 considerado de “terceira geração”,…