O canal Arte e a vanguarda do conformismo
Pública, cultural, exigente: em um universo audiovisual esmagado pelo dinheiro, pelo ao vivo e pela audiência, o canal franco-alemão Arte é um milagre. Séries e documentários de qualidade diluíram seu elitismo. No entanto, sua visão da história reduzida ao nazismo e ao comunismo, seu alinhamento à Otan e sua fé liberal-europeia cimentam uma linha editorial moralista
Apreciando suas séries sofisticadas, seu cinema de autor e seus documentários aprofundados, a burguesia progressista celebra o canal cultural franco-alemão. Uma escolha excepcional no Velho Continente, o Arte nunca transmite séries produzidas nos Estados Unidos. “É a maior empreitada cultural já concebida entre dois países e o único canal inteiramente bilíngue no mundo”, observava Patrick Démerin, antigo responsável-adjunto do programa noturno Thema do Arte.1 Apesar das audiências estruturalmente modestas (2,9% de participação de mercado na França e 1,2% na Alemanha),2 ou graças a elas, o canal conquistou o status de instituição consensual – de certa forma, por falta de opção. Desconhecido do grande público, o Arte não é especialmente amado nem odiado além de seu círculo de fiéis. “Ele está instalado na paisagem, as pessoas estão contentes com a existência do Arte, mesmo que não assistam a ele”, resume seu presidente-fundador, Jérôme Clément, que o dirigiu por vinte anos. Gostar…