O complexo militar-intelectual
Se todos os dirigentes políticos procuram justificar as intervenções militares para sua população, nas democracias ocidentais essa operação assume uma forma particular imposta pela influência midiática. Fazer da guerra uma “causa justa”, demonizar o inimigo, exaltar aliados, acelerar decisões, esse é o papel atribuído aos especialistas e intelectuais
Domingo, 1º de abril de 2018. A guerra civil se alastra na Líbia desde a derrubada e o assassinato de Muamar Kadafi. Em uma turnê promocional de seu livro La guerre sans l’aimer [A guerra sem amá-la], o escritor e comentarista político francês Bernard-Henri Lévy falou a respeito da intervenção ocidental para a France Inter: “Melhor ainda se eu tiver algo a ver com isso”. A afirmação reflete a tripla ambiguidade de seu autor: belicista, mas não combatente; propagandista do intervencionismo ocidental em “guerras justas”, mesmo que o remédio seja pior do que a doença; impermeabilidade à crítica a ponto de ser considerado um “teflon intelectual”, no qual os desmentidos escorregam sem se prender. Por sua longevidade e face midiática, “BHL” é, no entanto, apenas a parte mais visível de uma nebulosa de pensadores neoconservadores, especialistas, acadêmicos, humanitários, personalidades políticas, militantes associativos, jornalistas e, mais recentemente, militares reformados que desempenham…