O erro estratégico de Israel
Em 7 de outubro, Israel sofreu um grande trauma com o ataque do Hamas contra populações civis e estabelecimentos militares. Uma das causas desse evento trágico é a recusa de Tel Aviv em oferecer uma resposta política à Questão Palestina. A guerra travada atualmente em Gaza, sem nenhum outro objetivo a não ser a aniquilação do Hamas, é portadora de futuros dramas
No dia 15 de março de 2003, nevou muito em Jerusalém, e Avi Dichter, na época chefe do Shin Bet, o serviço de inteligência interna de Israel, também conhecido como Shabak, teve de fazer parte do percurso a pé para chegar à casa de Matti Steinberg, no bairro de Beit Hakerem. Ele precisava informar a Steinberg que não queria mais seus serviços. Com isso, privou-se do melhor especialista em assuntos palestinos,1 que ao longo de décadas foi sucessivamente o principal analista do Mossad, dos serviços de inteligência militar e, posteriormente, do Shin Bet. Em oposição à política do governo, esse especialista criticou a rejeição pelo primeiro-ministro Ariel Sharon da iniciativa de paz apresentada em março de 2002 na cúpula da Liga Árabe em Beirute pelo rei Abdallah al-Saud.2 Esse plano, que ainda é a posição oficial da Liga, propõe a normalização definitiva entre Tel Aviv e seus vizinhos árabes em…