O estranho desaparecimento do Partido Comunista Italiano
Com quase 3 milhões de filiados, o Partido Comunista Italiano foi durante muito tempo a formação comunista mais poderosa da Europa Ocidental. A organização de Antonio Gramsci e dos partisans provocava calafrios nos Estados Unidos. O PCI, no entanto, deixou de existir em abril de 1991, levando com ele toda uma identidade política
Se o esquerdismo é a doença infantil do comunismo, o conformismo é a de sua maturidade. De que outra forma explicar o estranho desaparecimento do mais poderoso Partido Comunista ocidental, em um belo dia de fevereiro de 1991? Com efeito, durante o congresso final, após setenta anos de existência, o Partido Comunista Italiano (PCI), de Antonio Gramsci e dos gloriosos partisans, renunciou ao seu nome, com sua identidade e história, para se dissolver – à custa de algumas lágrimas, mas por sua própria vontade. Para compreender a magnitude desse evento, precisamos voltar atrás, até a Segunda Guerra Mundial. A esquerda italiana representava, naquele momento, como observa o historiador Perry Anderson, “o movimento popular mais importante e impressionante pela mudança social na Europa ocidental”.1 Na Libertação, Palmiro Togliatti, assumindo as rédeas da organização, abandonou todas as inclinações revolucionárias em favor da unidade nacional e do projeto de alcançar uma nova democracia,…