O indomável Julian Assange
Refugiado político desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres, Julian Assange foi levado pelas autoridades britânicas no dia 11 de abril. Se extraditado para os Estados Unidos, o fundador do WikiLeaks corre sérios riscos. Revelando milhões de documentos sensíveis, ele fez o trabalho que se espera dos jornalistas. Será por isso que seus colegas o abandonaram?
Londres, 9 de novembro de 2016. A alvorada apenas começa a despontar, e o australiano de 45 anos e 1,88 metro de altura trabalha, debruçado em seu computador. No andar térreo de um prédio de tijolos, acariciando sua barba oblonga e seu cabelo branco, ele sabe que, como todos os dias há quatro anos, está cercado por cinquenta policiais e por um número desconhecido de agentes de inteligência que o observam, prontos para intervir ao menor movimento. Nessa manhã, Donald Trump foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Uma leve incerteza parece tomar conta do mundo. Os arredores da Embaixada do Equador mostram a mesma agitação de sempre, em seu cotidiano inalterado. Alguns meses antes, no meio do verão, Julian Assange havia despistado seus carcereiros e publicado, bem debaixo do nariz da maior potência mundial, milhares de e-mails revelando como a direção do Partido Democrata manipulou suas primárias a…