O legado artístico de Jorge Ben e a moderna negritude brasileira!
O que nos faz refletirmos, quantas obras, em escala global, hoje em dia, possuem o alcance, o impacto e a influência tal qual a ‘beniana’? Atravessando décadas de diferentes períodos históricos e temporais, mantendo-se viva, presente aos destinos culturais e políticos não só de um país? Em plena circulação, atravessando fronteiras e limites, através dos infinitos caminhos cruzados da afro diáspora?
Em tempos de efemérides, valorizações e reverências as produções culturais brasileiras que historicamente acabaram ignoradas ou renegadas em suas qualidades, importâncias e significados, cabe aqui resgatar e, até mesmo, problematizar, o legado autoral de um de nossos maiores – e dos mais revolucionários – artistas nacionais, que foi (é) Jorge Duílio de Lima Meneses, artisticamente rebatizado como Jorge Ben, dono de uma obra única em meio ao vasto e diverso universo cultural brasileiro. Que em meio as comemorações de seu aniversário de 86 anos de vida e aos mais de 60 anos de carreira – além das efemérides referente ao cinquentenário dos lançamentos de dois de seus álbuns clássicos, como Solta o pavão e, em parceria com Gilberto Gil, Ogum-Xangô/Gil e Jorge, ambos de 1975 – parece estar vivendo um tempo de colheita, no sentido de um devido reconhecimento, cada vez maior, ante a magnitude e maestria de seu conjunto artístico. Que com suas temáticas, imagéticas e estéticas, acabou por influenciar e orientar, tantas revoluções que definiram o de melhor, mais sofisticado e revolucionário da nossa cultura!
Sempre por um viés absolutamente popular, a música beniana emerge no cenário fonográfico com um “samba diferente”, um “misto de maracatu”, perceptível tanto no toque quanto em sua estrutura melódica e harmônica. Com um dedilhar ao violão impactante e inovador, sonoriza uma série de referências de base africana e afro-brasileira, mescladas a influências indígenas e europeias, com criatividade e perspicácia ímpares. Define um estilo já único em suas primeiras gravações como artista solo, revelando um músico pleno em seu domínio, e estabelecendo, desde o início, uma identidade e uma referência musical nítidas e plenamente reconhecíveis, que apenas se lapidariam dali em diante.
Músico que com a sua mão direita, a partir do toque sagrado do agare de Oxóssi, criou um jeito ao violão que reinventou a forma de se tocar os sambas, batuques, lamentos e maracatus! Reimaginando e musicando a Diáspora Africana a partir de seu violão! Aquele que vocalizou e modernizou os cantos afros ao moderno cancioneiro popular brasileiro, contra a prevalência de uma estrutura vocal de divisões vocálicas de cunho lusitana e impostura vocal de influência operística de grande alcance vocal.
Jorge Ben canta os versos, decanta as palavras, ritmando-as, alargando-as, compactando-as, dividindo-as de maneira livre, desafiando as normativas harmônicas e melódicas da época. O que fez com que passasse a sofrer críticas pelo seu jeito de cantar “diferente” e “fora de tom”, “fora de melodia”… Um artista que se faz independente da aceitação de grande parte da crítica musical, que após um primeiro momento de recepção calorosa ante o impacto do álbum Samba Esquema Novo, se divide em duas partes:
- A de que Jorge Ben era um artista intuitivo, letrista e músico ingênuo, de criatividade limitada;
- Ou de que ele era artista que não deveria querer ir além do seu estilo “diferente” de samba bossanovista, de que ele não deveria se aventurar por invencionices outras, o que poderia acarretar sua descaracterização como sambista.
Concepções interpretativas acerca da obra ‘beniana’ e de seu próprio autor, mas que se coadunam em essência ao delimitar os limites artísticos. Ao buscar impor e classificar, o que ele deveria tocar, cantar, e se comportar. Como se a ele, não houvesse possibilidade de livre arbítrio e total liberdade artística e criativa. Havendo em várias crônicas da época, uma associação explícita da condição de ingenuidade de Ben ao fato dele ser um cantor e músico de origem popular e negro.
Como se estas suas origens já o definissem previamente enquanto artista e o que ele poderia fazer enquanto tal, lhe impondo de antemão um limite que para além da questão criativa, se dava enquanto herança escravocrata-senhorial que atribuía enquanto natural o fato de “outros” poderem definir como uma pessoa negra deveria ser, agir e pensar. Sobre quais os limites que ela poderia almejar, sempre em sentido de ser tutelado e precisar de uma autorização prévia.
E Ben, desde o seu início se dá enquanto construtor e senhor de uma obra original, independente e revolucionária, que se deu de maneira organizada e planejada – nada foi por acaso – de acordo com as suas próprias perspectivas e definições. Mesmo a questão da intuição, enquanto elemento inerente a qualquer criação artística, ela se dá e é (re)trabalhada, desenvolvida e burilada ao seu universo artístico de forma orgânica e planejada.
Nunca se deu de forma natural, no sentido do acaso, mas enquanto parte de uma obra tratada com extremo zelo e afinco, de máximo cuidado de um autor cioso com a construção daquilo que fazia por construir enquanto um legado, em meio a uma nova geração musical que se dava nos anos 1960, que delimitaria um novo patamar de qualidade artística e estética ao universo da cultura nacional.
Universo esse em que Jorge Ben se dá como um de seus autores mais originais e radicais, enquanto aquele que influenciou aos seus próprios pares geracionais, como por exemplo Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa. Tornando-se artista referencial, aquele que influencia os caminhos e desenvolvimentos de novas tendências musicais no Brasil, desde o “novo samba”, o “samba jazz”, o “samba moderno”, o tropicalismo, a “nova MPB” e o “movimento soul brasileiro”, através de ramificações e intersecções que fariam com que sua obra se mantivesse viva e relevante em pleno ano de 2025, com ele sendo celebrado no alto de seus 86 anos de vida!
Todos os gêneros musicais que se deram no Brasil desde 1963, passam direta ou indiretamente pela obra ou trajetória artística de Jorge Ben. Um artista que nunca se adequou aos critérios, aos padrões, de consagração artística legitimados por nosso cânone intelectual. Por isso, sempre em diálogo, mas nunca em pertença ao campo majoritário ou hegemônico da denominada “Música Popular Brasileira”
E isso é um feito extraordinário, principalmente se formos levar em consideração, um período de ostracismo que a crítica especializada dispensa a sua obra – com honrosas exceções que comprovam essa regra – a partir do começo dos anos 1980 até meados dos anos 1990. Recorte temporal em que praticamente há um silêncio, um apagar acerca da existência da sua obra, um ostracismo imposto que só não se consumou por ser um artista ao qual seu público fiel, o manteve na ativa, lotando seus shows relegados aos clubes de bairros, de regiões urbanas periféricas, ou ligados as festividades de clubes e movimentos afro-brasileiros. Mas que também demarca o processo de resgate e reconhecimento de seu conjunto musical pelo movimento hip-hop, em especial o rap, já nos primeiros movimentos desse fenômeno cultural, social e político em terras brasileiras.
Artista que continuou com uma sólida e respeitada carreira internacional, celebrado por todo o mundo, mas que em mais de uma década foi solenemente ignorada pelo campo intelectual cultural brasileiro. Mas que nunca deixou por abordar temáticas e problematizá-las, para além das normativas mercadológicas de nosso cancioneiro popular. Jorge Ben é aquele que através de sua arte, encarnou a seu modo o exercício militante, por vezes solitário, do negro que tensiona e coloca em xeque os lugares histórica e socialmente a ele, pré-determinados.
Para através de sua intenção e potência, buscar ressignificar o mundo que o cerca, não só para si, mas – principalmente – aos seus semelhantes. Enquanto aquele que não aceita ser rotulado e limitado por observações, ou (pré)definições, alheias. Sendo por isso um autor consciente, de seu espaço e valor dentro do cancioneiro e universo cultural brasileiro.
E que sempre teve consciência das consequências que tal postura poderia acarretar em sua vida. Ainda assim, nunca abdicou de ser um autor que construiu e seguiu os próprios caminhos, sem se deixar balizar por outras vontades ou intenções. Seu propósito era construir e dar vazão a uma obra artística e estética negra, urbana e periférica, de alcance universal — a partir de suas vivências, memórias e reminiscências suburbanas cariocas — para cantar e (re)encantar a própria imaginação e construção de Brasil, com base nas experiências de resistências e (re)existências afro-diaspóricas em terras tupiniquins.
O que nos possibilita problematizar a obra ‘beniana’ a partir de cinco eixos centrais:
- Na primeira fase de sua carreira, desde Samba Esquema Novo até Big Ben (1965), um resgate de ritmos negros nacionais, como batuques, candomblés, jongos e maracatus, que incorpora e reinventa ao seu toque de violão e divisão rítmica, assim como o seu próprio cantar, constituindo sua base musical autoral ao qual acabaria por amalgamar com as influências de jazz, bossa nova – em especial a de João Gilberto – e rock and roll, que define essa fase inicial de sua obra fonográfica;
- Além de desenvolver temáticas afro-brasileiras em suas canções, que num primeiro momento flertam com uma noção aparentemente idílica das relações escravistas no país, em seu retrabalhar, como por exemplo, da figura do “preto velho”, para depois partir para inserções de enaltecimento das resistências ao período de escravização, com apontamentos aos quilombos, a capoeira, a sabedoria dos ancestrais, a malandragem como um estilo de sobrevivência afro urbana e o cantar de representações simbólicas de vitórias, mesmo que isoladas, de ascensão social que rompiam os limites impostos pelo racismo no Brasil;
- Valorização e reconhecimento das religiões de matrizes afros como o candomblé ou afro-brasileiras como a umbanda e a quimbanda, além do catolicismo popular atravessado em sua base pelas influências religiosas e culturais negras, ao seu universo musical e poético. Sendo presentes em suas temáticas, versos e vocábulos, como lembrança constante de uma gênese fundante não só a sua música, mas a própria constituição do que somos e poderemos vir a ser não só como povo e sociedade, mas enquanto nação de fato;
- A representação e valorização das mulheres negras enquanto base de resistências afro-brasileiras, sinônimo de ideários acerca das sapiências e poder dessa população. Enquanto sinônimos de beleza e poder vivos. Eternos e inerentes a uma população historicamente alienada de tais características, como se a elas não fossem tais condições intrínsecas, mas sempre identificadas e buscadas em referenciais europeus de inteligência, altivez e beleza. Um elemento fundante de nosso racismo endêmico ao qual Jorge Ben nega, confronta e desafia, ao enaltecer a imagética das mulheres negras no conjunto de sua obra – mesmo que por vezes, ainda pontuado pelo ideário machista da época – mas sempre em primazia das mulheres negras inseridas aos processos de resistências e sobrevivências contra o racismo no Brasil;
- Estabelece o seu cancioneiro e estética, como influência seminal ao que depois se daria como a constituição do moderno movimento negro brasileiro, em meados dos anos 1970. Constituindo uma práxis política que foge ao tradicionalismo da música de protesto nacional, em que o antirracismo e a negritude não eram elementos de primeira ponta. Quando muito, eram quistos como manifestações de importância limitada, que deveriam estar atreladas a causas maiores e mais urgentes como, num sentido vulgar e simplista, inserida a um conceito simples e limitado de luta de classes e de combate a ditadura civil-militar do período. Motivo ao qual Jorge Ben, até hoje, seja apontado por boa parte da crítica musical e do campo intelectual nacional, como um autor alienado. Quando na verdade ele desenvolvia seu senso crítico e político para fora, e além, do padrão vigente no universo cultural brasileiro ao cantar, criticar, imaginar e potencializar um Brasil a partir de suas historicidades e sapiências negras, de perspectivas e interpretações sociais e políticas que se davam a partir dos universos da afro diáspora, incorporando e moldando a realidade nacional os elementos políticos e estéticos do “Black is Beautiful” e do “Black Power”, além dos conceitos artísticos-políticos do “Free Jazz” e do “Afrobeat”.
Desenvolvimento artístico de sua obra, que através de seu cantar, acabou por popularizar a memória e a luta de Zumbi dos Palmares, reconfigurando sua figura mítica para uma personagem histórica. Enaltecendo a sua figura de líder não só quilombola, mas de líder atemporal das resistências negras contra o sistema racista brasileiro. Politizando e tornando contemporânea a figura humana do líder palmarino, e de todo o universo ligado a Palmares. Não sendo por acaso, que se estabelece a relação da obra de Jorge Ben enquanto a trilha sonora símbolo da luta antirracista e da negritude brasileira, pelo moderno movimento negro, a partir do final dos anos 1960 e por todo os anos 1970.
O que nos faz refletirmos, quantas obras, em escala global, hoje em dia, possuem o alcance, o impacto e a influência tal qual a ‘beniana’? Atravessando décadas de diferentes períodos históricos e temporais, mantendo-se viva, presente aos destinos culturais e políticos não só de um país? Em plena circulação, atravessando fronteiras e limites, através dos infinitos caminhos cruzados da afro diáspora?
Acreditamos que sejam poucas, ainda mais em uma época de carreiras cada vez mais fúteis e descartáveis. Alicerçadas em golpes midiáticos, views e likes, em vez de compromissos artísticos e conceituais, de se buscar romper os tradicionalismos e conservadorismos das sociedades em que se constituem.
Uma obra gerada por um autor, de acordo com as suas premissas e intenções, no sentido de constituir um canto universal, para todos, mas sem esquecer para quem ele cantava, da importância e significado do seu cantar! Que não se importava com críticas ou depreciações, pois nada significavam ante o seu ideário e intenção maior que foi cantar e reinterpretar o Brasil a partir de seu universo urbano periférico carioca. Sempre em tom coloquial, mas nunca vulgar. Popular, mas nunca simplista, longe do popularesco. Sofisticado, mas nunca de maneira esnobe.

Dessa forma, quebrando o padrão parnasiano recorrente a produção de versos do cancioneiro nacional, a fim de estabelecer uma ligação discursiva mais direta com o seu público. Apesar das críticas que essa sua opção poética acabaria por receber.
Em meio as comemorações de seus 86 anos de vida, que não ocorram mais dúvidas acerca de que a sua obra é um louvar e honra a ancestralidade negra brasileira. Ao mesmo tempo em que acalenta e inspira as suas resistências contemporâneas, objetivando em construir o futuro que ele aponta que se fará enquanto vitória daquilo que de melhor somos enquanto povo, ao não mais negarmos nossas origens e sociabilidades negras.
Não mais matando as Áfricas que somos e que vivem em nós, e que dão, e que são, a força vital do corpo e alma desse ser continental chamado Brasil. Sendo a sua depreciação artística enquanto alienado, muito mais um exemplo revelador do quanto a originalidade e radicalidade de sua obra escapavam aos limites interpretativos limitados – por visões preconcebidas preconceituosas e racistas – que impediam, e ainda impedem o pleno reconhecimento político da perspectiva antirracista e pró negritude do seu conjunto artístico estético e imagético.
Jorge Ben, por essas características de sua obra, se situa enquanto o alquimista mestre da MPB, escriba de destinos em suas tábuas de esmeraldas! Católico sincrético a brasileira, urbano periférico, filho orgulhoso de Ogum, que sempre soube o tempo de todas as coisas… Senhor de todos os sentidos, que faz de seu cancioneiro um (re)encantar do mundo para além da nossa mediocridade histórica e social, de nossa normalidade civilizatória, que sempre nega, persegue e mata aqueles que buscam fazer florescer as plenitudes negras em terras Brasilis!
Que se façam todas as loas e saudações, para aquele que descobriu “ser um anjo”, que clamou calma ao seu “irmão de cor” Charles. Que mesmo rouco não se deixou calar, declamou e enalteceu, a vida do “defensor dos fracos e oprimidos” Charles Anjo 45, que nunca deixou de enaltecer que “negra é a soma de todas as cores” e que jamais nos deixou esquecer – ou duvidar – de que “negro é lindo”.
Para assim, dessa maneira, transformar em arte e (de)cantar a experiência de ser negro em meio a sociedade brasileira, através de canções de dor, conflito, amor e esperança, concebendo álbuns conceituais como Negro é lindo (1971), A Tábua de Esmeraldas (1974) e África-Brasil (1976). Acabando por estabelecer uma marca autoral inconfundível e inimitável, que – mesmo por vezes de maneira contraditória – sempre se manteve em perspectiva libertária e compromissada na construção de um Brasil que ainda deverá vir a ser, livre da sua mácula racista e discriminatória. Um país “abençoado por Deus e bonito por natureza”, livre, feliz e soberano, que já se faz existir em seu cancioneiro e imaginário artístico!
Um conjunto e trajetória cultural, que se faz cada vez mais valorizado. Trazendo um tipo de justiça poética, tal qual uma vitória aos justos, a quem por décadas sempre foi diminuído em suas virtudes e inovações. Quando não ridicularizado por suas concepções estéticas e teóricas. Rompendo uma realidade perversa acerca de Jorge Ben, ser um dos referenciais criativos mais revolucionários e fundamentais de nossa cultura, mas que desde os primeiros momentos de sua carreira, sempre acabou por ser muito mais valorizado, estudado e legitimado, no exterior do que no Brasil
Que esta tendência, em desenvolvimento a pelo menos uma década, se consolide de fato, e que saibamos a cada vez mais, ouvir e aprender com a sua obra. Sabendo honrar e valorizar de fato a esse legado tão belo e importante!
Ben, ao trabalhar nossas heranças e contemporaneidades de origens africanas, ajudou na constituição e concepção do que hoje se interpreta como negritude moderna brasileira. Um dos referenciais basilares para se buscar melhor compreender o Brasil em suas historicidades, contradições, complexidades e potencialidades, por um viés negro, urbano e popular. Enquanto um artista sempre cioso e confiante da grandeza e importância de sua obra, sempre reverenciado por aqueles a quem optou por cantar e desenvolver narrativas, fora dos estereótipos e preconceitos legitimados pela vertente mais conservadora e elitista de nossa historiografia.
Senhor de um conjunto artístico que acabou – contra todas as possibilidades e probabilidades – persistindo e se fez enquanto uma constante força artística dinamizadora e contemporânea. A mais de meio século sendo uma influência viva, em meio ao melhor de nosso universo cultural
Um artista que tanto, e tão lindamente, através de sua obra, fala e nos ensina sobre nós enquanto povo e sociedade. Tal qual um griot moderno, a sermos, finalmente, aquilo de melhor podemos vir a ser, e um dia, de fato, seremos!
Ontem, hoje e sempre: VIVA, JORGE BEN!
Christian Ribeiro é doutorando em Sociologia pelo IFCH-UNICAMP. Professor titular da SEDUC-SP, pesquisador das áreas de negritudes, movimentos negros e pensamento negro no Brasil. Membro do grupo de pesquisa “Pensamento social: contextos, instituições, intelectuais e movimentos” do IFCH/UNICAMP.