O momento de glória dos não alinhados
Crise do petróleo, Guerra do Yom Kippur, golpe de Augusto Pinochet: 1973 marcou o século passado. Para o Ocidente, o ano permaneceu associado a uma grande ruptura, conhecida como “a crise”. O fim de décadas de crescimento contínuo, instabilidade monetária e aumento dos preços das matérias-primas, no entanto, não foram os únicos marcos desse novo mundo. O Reino Unido acabou por se juntar à Comunidade Econômica Europeia (pág. 16); na América Latina, e não apenas no Chile, golpes de Estado se sucederam e esmagaram os movimentos populares (págs. 12, 14 e 18). Em Argel, o movimento dos países não alinhados estava buscando uma “nova ordem econômica”. Contudo, nesse aspecto, não houve grande mudança (ler abaixo)
Um largo sorriso iluminou o rosto habitualmente austero de Houari Boumédiène. Com um grosso charuto entre os dedos, o número um da Argélia não escondeu sua satisfação enquanto presidia a sessão de encerramento da quarta reunião dos países não alinhados. De 5 a 9 de setembro de 1973, em Argel, 75 países participaram integralmente da conferência, sem contar cerca de trinta organizações internacionais e de libertação – entre as quais a da Palestina, presidida por Yasser Arafat –, além de onze países não membros convidados, como a Suécia e a Áustria. Criticado oito anos antes pelos grandes representantes do campo progressista por ter deposto o presidente Ahmed Ben Bella, o coronel Boumédiène tratava então de igual para igual seus pares, como o cubano Fidel Castro e o iugoslavo Josip Broz Tito. Entretanto, se ele triunfava, era sobretudo porque, de um lado, a reunião fora um sucesso em termos de produção…