O quebra-cabeça das minorias
Representados no Parlamento, os húngaros fazem parte da multiétnica sociedade eslovaca, bem como os ciganos. Ao contrário destes, porém, desenvolvem uma atividade cultural em clima de liberdadeKarel Bartak
É uma novidade. Através do Partido da Coalizão Húngara (SMK), os 400 mil húngaros que vivem na Eslováquia estão representados no Parlamento. É uma experiência formidável”, explica Bela Bugar, presidente do SMK e vice-presidente do Parlamento. “Os eslovacos estão compreendendo que podem contar conosco, que nós ficamos fora das discussões entre eles, e podemos, dessa forma, constituir um polo de estabilidade.” Como prova de boa vontade, ele cita a lei sobre as línguas minoritárias, cuja adoção era uma exigência do Parlamento Europeu, sediado em Bruxelas: os deputados húngaros a aprovaram, apesar das reservas manifestadas por sua comunidade com relação ao conteúdo.
O discurso anti-húngaro, no entanto, não desapareceu por encanto, especialmente nas regiões centrais do país, exclusivamente eslovacas. “Os húngaros nunca se contentarão com o seu estatuto, ainda que este seja mais confortável que os estatutos que regem as minorias na Europa Ocidental”, adverte Anna Malikova, presidente do Partido Nacional Eslovaco (nacionalista, com 8% de intenções de voto). “Eles vão continuar lutando pela igualdade entre a língua deles e o eslovaco, o que é inadmissível.” Apesar de uma certa agitação, a atividade cultural dos húngaros continua transcorrendo num clima de liberdade. Já o projeto de criação de uma universidade específica, continua sendo um tabu — há o risco de que, numa futura União Européia ampliada, os eslovacos de origem húngara se voltem contra a “mãe-pátria”.
“Aversão pela integração”
A questão cigana também é quente. O forte surto de emigração de ciganos romani da Eslováquia levou vários países da União Européia a reintroduzir os vistos de entrada. Resultado: surgem novas filas em frente à embaixada britânica de Bratislava. Numa tentativa de contornar o problema, as autoridades multiplicam programas que visam a integrar os ciganos, confiando-lhes cargos de responsabilidade. Em vão: “Já não sabemos o que fazer. O estilo de vida deles é tão diferente do nosso, a aversão que eles têm por qualquer tipo de integração é tamanha que a barreira que os separa do restante da população permanece intacta”, explica o ministro da Justiça, Jan Carnogursky. Com exceção da extrema-direita, o assunto toca a todos os partidos políticos. Os ciganos são os grandes perdedores da mudança de regime. Assistidos até ontem pelo comunismo, hoje são marginalizados pelo capitalismo. “Sem querer subestimar as dimensões sociais, demográficas e culturais, que são muito preocupantes, o principal continua sendo a educação: é ela que irá resolver o problema a longo prazo, em duas ou três gerações”, avalia o vice-primeiro-ministro, Pavol Hamzik.
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