O sonho do Estado palestino
Marcada para 13 de fevereiro, a solução para o problema da Palestina foi mais uma vez adiada. Um seminário organizado pelo Le Monde Diplomatique, e agora tranformado em livro, ajuda a entender por queFrançoise Germain-Robin
Todos se lembram que Yasser Arafat havia anunciado sua intenção de proclamar o Estado Palestino em 4 de maio de 1999. Benyamin Nétanyahu, então primeiro-ministro de Israel, ameaçava romper as negociações congeladas havia já três anos. Anunciava eleições para 17 de maio, querendo tirar proveito do medo. Os europeus, em troca da paciência que pediam a Yasser Arafat, prometiam reconhecer o Estado Palestino sem impor nenhuma condição. Finalmente, depois da intervenção do presidente norte-americano Bill Clinton, o dirigente palestino cedeu. O 4 de maio foi para os palestinos um dia como os outros, e o 17 de maio, o da derrota da direita israelense face a Ehud Barak.
Cerca de um ano depois, no momento em que aparece a obra intitulada Atualidades do Estado Palestino, que reune textos saídos de um encontro organizado pelo Le Monde Diplomatique no Instituto de Relações Internacionais e Estratégias (IRIS), continua não existindo o Estado Palestino. A data fatídica de 13 de fevereiro de 2000 passou despercebida. De acordo com os compromissos assinados em Charm el Cheikh por Barak e Arafat, esta seria a data que deveria testemunhar “a conclusão de um acordo para a regulamentação definitiva do problema palestino”. No entanto, o primeiro-ministro israelense retomou a confortável máxima do participante dos acordos de Oslo, Itzahak Rabin: “Nenhuma data é sagrada.”. Arafat prometeu proclamar o Estado Palestino, o que quer que aconteça, até o fim do ano. Barak, ao contrário de seu predecessor, não parece interessado se opor. Mas qual será a verdadeira natureza dessa entidade?
Balanço da autonomia e instituições palestinas
As constatações e análises universitárias — atores e sustentáculos do processo de paz — presentes neste livro são infelizmente, em sua maioria, alarmistas demais. A primeira parte faz o balanço da autonomia e da construção das instituições palestinas. Na segunda parte, os autores questionam a viabilidade de um Estado Palestino, que possui de 50 a 70% das terras ocupadas em 1967 fragmentadas. Outras contribuições questionam a manutenção da paz futura. Por fim, como conclusão, vários representantes da Palestina (Nabil Chaath), Israel (Yehuda Lancry) e da Europa (Miguel Angel Moratinos, Roselyne Bachelot) revelam perspectivas políticas mais otimistas que as dos outros autores.
Refazendo “a longa marcha dos palestinos”, Alain Gresh lembra, em sua introdução, que Yasser Arafat “aliou-se, depois da guerra de 1973, à criação de um Estado na Cisjordânia e Gaza, tendo Jerusalém por capital”. Essa surpreendente “opção palestina” — com a criação até de um Estado — foi um momento esperado depois de junho de 1967 pelo primeiro-ministro israelense da época, Lévy Eshkol, evidentemente sem Jerusalém nem Gaza. Essa opção foi rapidamente abandonada, dando lugar à “opção jordaniana”, que continuou durante trinta anos sendo a obsessão de todos os dirigentes israelenses. A “longa marcha” nos coloca na mesma situação de há trinta anos? Não, porque nesse meio tempo houve até o reconhecimento internacional da condição nacional palestina.
Em sua conclusão, Didier Billion, diretor de estudos no IRIS, ressalta fatos particularmente preocupantes desde a chegada no poder do general Ehud Barak, como a nova conclusão das negociações em um cara-a-cara entre israelenses e palestinos, mas principalmente sua política ativa de construção nas colônias e de esquadrinhamento da Cisjordânia. Tantos elementos o fazem concluir que o caminho para o Estado Palestino ainda é “polvilhado de emboscadas”.
Actualités de l’Etat palestinien , sob a direção de Alain Gresh et de Didie